quarta-feira, 10 de junho de 2009

7- amor

- Disse para o meu terapeuta o que pensava sobre o amor e ele discordou, me passou vários livros sobre o tema. Ando lendo e pensando sobre o amor e até agora não mudei de idéia. Sou teimosa, mas escuto, pode ser que até o final deste livro eu chegue à conclusão de que eu estava errada, se é que vou chegar a um final, não sei de nada e acho que sei algumas coisas, estou aprendendo. Estou até aprendendo a escrever um livro!
- E qual é a sua idéia sobre o amor?
- Dizem que existem várias formas de amor. Para mim existe uma única forma de amor e diferentes formas de desejo. Posso amar meu pai, meu irmão, meu amante, meu marido da mesma maneira, mas, com desejos diferentes. Amar é amar, não existe fórmula, não existe forma. Desejar é diferente, do meu pai desejo carinho, proteção; do meu irmão desejo amizade, do amante desejo beijos, abraços, sexo, mas, posso sentir o mesmo sentimento de amor por cada um deles. Se amor é afeto, é companhia, é proteção, é respeito, é saudade, é amizade, se amo, amo todos de igual maneira, mas desejando cada um de formas diferentes de desejo. Esta é a minha maneira de pensar.
- Ágape e Eros, o amor espiritual e o impulso biológico. A união dos dois gerando o amor romântico. O amor romântico, não é outra forma de amor?
- Eu chamo de amor-desejo. O amor, é o mesmo, os impulsos é que são diferentes. No livro “O Poder do Mito”, Campbell diz que “o amor, o verdadeiro amor, suporta tudo” e “que a dor do amor não é outra espécie de dor, é a dor da vida”. Portanto, acho eu, que esse amor que suporta tudo é o mesmo amor entre mãe e filho, é o mesmo amor entre dois amantes, os desejos é que são diferentes.
- Mas existe o amor descontrolado, arrebatado, amor neurótico, o amor egoísta, e o amor como atenção que nos fala Carlos Fuentes.
- Os desejos é que são egoístas, os desejos podem ser neuróticos. Amor é amor.
- O que você me diz, por exemplo, do amor que pode gerar o ódio? Sobre o amor ao ódio? Sobre o amor sádico?
- Isto não é amor. É o mal disfarçado de amor. É puro egoísmo. É o desejo inconseqüente pensando somente em si mesmo.
- E o prazer? Os prazeres do amor, as ilusões do amor? Você acha que é o mesmo amor que todos sentem?
- É o “desejo pleno” da felicidade a dois. Se sexo é desejo, sexo não é amor, pode ser conseqüência de um amor, ou somente de um instinto ou de uma carência. Sexo não é amor. Mas sexo, conseqüência de uma carência ou instinto dura o tempo do ato, depois morre, morre o desejo; sexo, conseqüência de um amor é mais que o ato, é puro amor. É o desejo pleno do amor.

- Ela tinha medo, medo de amar, medo das conseqüências de amar.
- Das responsabilidades?
- Não, ela era muito nova para entender de responsabilidades. O medo era da entrega física, da dor, da entrega do corpo, o enlace físico.
- Medo de sexo?
- Sim, os adultos lhe diziam que era pecado, era proibido, mas ninguém lhe explicava o porque, a verdade. Passou anos e anos com o desejo e o medo. Mas ela sabia amar.

por rosilene

6 comentários:

  1. Talvez, o amor seja como uma "janela", que as vezes podemos fechar ou abrir, de acordo com a nossa "vontade". Mas nem sempre, controlamos essa luz que chega tão forte, a ponto de nos cegar por um longo período de tempo. Não sei... tudo parece ser tão geométrico.
    Forte abraço,
    Ulysses.

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  2. É Ulysses, essa menina que questiona não chegou a nenhuma conclusão e nem sei se chegará. Mas ter amigos como você para também falar e mostrar e dizer e nos tocar, podemos não chegar a lugar nenhum, mas estamos indo para frente às vezes cegos, às vezes lúcidos outras não. Como você disse: tudo paraece ser tão geométrico.
    abração

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  3. Rosilene, parece que esta "geometria", seja pela internet ou em uma rede simples de amigos, ela é feita de pequenos desejos, amores e prazeres que estão muito vivos. Do trabalho ao descanso, penso sempre nas coisas que deixei de fazer...ou nas responsabilidades rotineiras que foram engolidas, no eclipse da semana, preparada antes de mais nada, na ditadura de uma "agenda". Eu e minha mulher, sofremos um pouco com essas coisas, equilibradas somente, no sábado ou no domingo, quando de certa forma, encontramos novamente, um ao outro.

    Forte abraço,
    Ulysses.
    * sobre o meu trabalho, você pode ir até a Galeria Grav. Brasileira por que lá, existe uma pasta "azul" onde as gravuras podem ser vistas na mão, sem compromisso. Também tenho algo a mostrar na Fast Frame da r. fradique Coutinho, ao lado da Livraria da Vila.

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  4. Rosilene,

    acredito que existem tantas formas de amar quanto é possível haver relações entre seres e entre os seres e a vida e o mundo.
    Acho rico pensar que amo cada pessoa que amo de uma forma única, coerente com a história de nossa relação. Amo os outros, amo o que os outros despertam em mim, amo o que desperto nos outros e amo o vínculo entre mim e cada outro de forma singular, única e intransferível. Há diversas qualidades de amor e intensidades e infinitudes e matizes e tonalidades. Amo particularmente cada forma de amar e ser amada, cada amor, cada pessoa amada.
    Obrigada pelos pensamentos que fez brotar em mim.
    Beijinho.

    Denise.

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  5. Ulysses,
    também sofro com essa falta de tempo, queria ter mais tempo, fazer mais, conhecer mais e apesar disso ganho muito com cada troca de prazeres e sentimentos. Irei sim conhecer a galeria com todo prazer e sei que sairei de lá mais rica.
    grande abraço

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  6. Denise, obrigada por falar do amor. Essa menina não sabe de nada e só quer questionar e fazer as pessoas pensrem também. E o que você escreveu, tão sincero também me faz pensar.
    bjs

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